"In Home" ABC Real

O programa “In Home” funciona através da ABC Real, uma escola especializada no ensino de crianças autistas, com um método pioneiro em Portugal, e permite agora estender a terapia de integração destas crianças ao espaço familiar.

“Aquilo que se pretende é acrescentar o contexto familiar para ajudar as crianças no processo de generalização das competências que adquirem na escola, transpondo-as para o seu quotidiano”, explicou à Lusa Nicole Tisdale, gestora do programa ABC Real na Califórnia, Estados Unidos, que implementou e monitoriza o projecto em Portugal.

Esta vertente da terapia, que segue o método norte-americano da Análise Comportamental Aplicada e tem mais de três décadas de experiência nos Estados Unidos, pode ter entre seis e 40 horas semanais, sendo aplicada apenas por recomendação do técnico que acompanha a criança, consoante cada caso.

“Outra das vantagens deste programa em casa é envolver os pais na terapia e ensiná-los a respeitarem e a seguirem o plano de comportamento que os técnicos desenham à medida de cada criança”, explicou.

“Por isso”, acrescentou, “há circunstâncias em que o programa é complementar à terapia na escola, e outras em que é alternativo”, explicou.

Este método de ensino trabalha com cada criança na medida das suas necessidades e competências, ensinando-lhe linguagem, actividades funcionais, socialização, iniciativa, espontaneidade e generalização de competências e conceitos adquiridos.

Há, desde Outubro, quatro crianças neste programa mas, alerta a coordenadora da ABC Real Portugal, Albertina Marçal, “o dinheiro é uma grande limitação”.

“Trata-se de um serviço que custa 12,5 euros por hora, o que é um montante razoável dada a especialização dos técnicos e o facto de terem que se deslocar. Mas acrescentando a isso a mensalidade da escola (1000 euros), o valor é incomportável para a maioria das famílias”, disse.

Os pais das crianças que frequentam a ABC Real em Portugal, que funciona em Almada, pagam 1 000 euros por 100 horas mensais com um técnico especializado.

Mais uma vez a falta de apoios e os elevados custos dos tratamentos vem dificultar a adesao a este metodo inovador que em consonância com os dados científicos de mais de 40 anos de intervenção baseada no modelo ABA (Applied Behavior Analysis), a ABC conclui que todos os seus utentes progridem e melhoram com esta intervenção: a) em 100% dos casos, após um ano de trabalho, as crianças conseguem efectivamente comunicar as suas necessidades e desejos, seja oralmente, com recurso ao PECS(Picture Exchange Communication System) que é um sistema de comunicação através de simbolos, ou , em alguns casos, através de linguagem gestual; b) a maioria dos alunos transita, posteriormente, para a escola regular - alguns acompanhando os seus pares sem recurso a apoios especiais.